segunda-feira, 5 de abril de 2010


Pero Vaz de Caminha (1450 – 1500)
            Missivista português nascido provavelmente no Porto, responsável pela redação do primeiro documento da história do Brasil, a famosa carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, relatando o primeiro encontro dos portugueses com os nativos brasileiros, datada de Porto Seguro, sexta-feira, 1º de maio de 1500. De uma família próxima da corte e amigo do rei, cavaleiro das casas de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel, e mestre da Casa da Moeda do Porto (1476), integrava a esquadra de Pedro Álvares Cabral em viagem para a Índia, como escrivão nomeado para a feitoria de Calicute.
            Já na Índia, teria sido uma das vítimas da tragédia ocorrida nessa feitoria, em que vários comandados de Cabral foram massacrados pelos mouros. Sobre a carta sabe-se que foi levada para Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante da nau de mantimentos da esquadra e que por mais de três séculos, permaneceu nos arquivos portugueses, só tendo sido publicada pelo historiador Manuel Aires do Casal, na sua famosa Corografia brasílica (1817).           
            Possui, no original, 27 folhas de texto e uma de endereço e foi mencionada pela primeira vez quando foi encontrada pelo guarda-mor do arquivo da torre do Tombo, em Lisboa, José de Seabra da Silva (19/02/1773).

Hans Staden (1525 – 1579)
            Viajante e cronista alemão (séc. XVI), famoso pela narrativa de suas viagens pelo Brasil na década de 1540. Antes de sua passagem pelo país, nada se sabe de sua vida, a não ser que nasceu na cidade de Homberg, região central da Alemanha.
            Quando desembarca pela primeira vez no Brasil, em 1547, fica em Pernambuco. Na segunda, em 1550, parte de Sevilha, na Espanha, para a ilha de Itamaracá, em Pernambuco. Chega a São Vicente, litoral paulista, no ano seguinte e é mantido prisioneiro pelos índios por mais de nove meses.
            Relata suas aventuras na obra Viagem ao Brasil, intitulada, em edições posteriores, Duas Viagens ao Brasil. Escrito em 1557 e ilustrado com xilogravuras feitas sob sua orientação, o livro conta, entre outros fatos curiosos, como Staden evita ser devorado pelos tupinambás.
            A obra faz sucesso na Europa e é publicada pela primeira vez no Brasil em 1892, por iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e depois traduzida por escritores brasileiros como Alberto Loefgren (1900), Monteiro Lobato (1925) e Guiomar de Carvalho Franco (1941).

Jean de Léry (1534 - 1611)   
            Missionário pastor calvinista e escritor europeu nascido em La Margelle, França, que acompanhou Villegaignon ao Rio para fundar a França Antártica e cuja obra escrita resultou em grande valor histórico e etnográfico. Sapateiro de ofício, aderiu à Reforma e tornou-se membro da igreja reformada de Genebra durante a fase inicial da Reforma Calvinista, onde estudou teologia.
            Decidiu (1556) integrar um grupo de ministros e artesãos protestantes em uma viagem ao Forte Coligny, núcleo inicial da França Antártica, a malograda colônia francesa que tentaria ser estabelecida no Rio de Janeiro, Brasil. O grupo foi coordenado por Nicolau Durand, cavaleiro de Villegaignon, com ajuda financeira e apoio de Gaspard de Coligny, almirante da marinha francesa convertido ao calvinismo.    Embarcou com outros 14 missionários (1557), com o objetivo de transmitir os ensinamentos do Mestre na nova terra, mas passados apenas oito meses da chegada, Villegaignon os expulsou acusando-os de heresia. Dois meses depois, escapando de ser preso e conseqüente execução, conseguiu regressar à Europa (1558), foi acolhido na França por autoridades protestantes e ordenou-se em Genebra. Nomeado pastor (1560), começou a escrever suas experiências brasileiras que seriam publicadas em Histoire d'un voyage fait en la terre du Brésil, autrement dite Amérique (1578), cuja versão para o português, de Alencar Araripe e Sérgio Milliet, teve o nome de Viagem à terra do Brasil. Fonte de imenso valor para o estudo das origens do país, narrando a vida e os costumes dos tupinambás, e a história da França Antártica, também foi traduzida em latim, alemão e holandês. Permaneceu trabalhando como pastor até o fim de sua vida e morreu em Berna.

LITERATURA INFORMATIVA

· É um tipo de literatura composta por documentos a respeito das condições gerais da terra conquistada, as prováveis riquezas, a paisagem física e humana, etc.

· Em princípio, a visão européia é idílica: a América surge como o paraíso perdido e os nativos são apresentados sob tintas favoráveis. Porém, na segunda metade do século XVI, à medida em que os índios iniciam a guerra contra os invasores, a visão rósea transforma-se e os habitantes da terra são pintados como seres bárbaros e primitivos.
Principais manifestações:

  • A Carta de Pero Vaz de Caminha:

    · Descrição minuciosa da nova realidade; -- A simplicidade no narrar os acontecimentos;

    · A disposição humanista de tentar entender os nativos; -- O ideal salvacionista.

  • Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden - Viagem à terra do Brasil, de Jean de Léry:

    · Relato de viajantes que viveram entre os índios vários meses.

    · Registro da antropofagia e descrição dos costumes indígenas

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